Uma História Zen

Uma História Zen

por Camden Benares, O Conte Cinco,
Mestre, Camp Meeker Cabal

Um homem jovem e sério achou os conflitos da América na metade do Século 20 confusos. Ele foi a muitas pessoas buscando uma maneira de resolver em si mesmo as discórdias que o preocupavam, mas ele permaneceu preocupado.

Uma noite em um café, um Mestre Zen auto ordenado disse a ele, "vá até a mansão dilapidada que você encontrará neste endereço que eu escrevi para você. Não fale com as pessoas que moram lá; você deve permanecer em silêncio até que a lua surja amanhã à noite. Vá até a sala grande à direita do salão principal, sente-se na posição da lótus no topo dos escombros no canto nordeste, voltado para o canto, e medite".

Ele fez como o Mestre Zen instruiu. Sua meditação foi frequentemente interrompida por preocupações. Ele preocupou-se sobre se o resto dos aparelhos  hidráulicos cairiam do chão do banheiro do segundo andar para se juntar com os canos e outro lixo sobre o qual ele estava sentado. Ele preocupou-se sobre como ele saberia quando a lua surgiria na noite seguinte. Ele preocupou-se sobre o que as pessoas que passavam pela sala diziam sobre ele.

Sua preocupação e meditação foram perturbadas quando, como se em um teste de sua fé, esterco caiu do segundo andar sobre ele. Neste momento duas pessoas passavam pela sala. A primeira perguntou à segundo quem era este homem sentado ali. A segunda respondeu "Alguns dizem que é um sábio. Outras dizem que tem merda na cabeça."

Ouvindo isto, o homem foi iluminado.

Osho - Sobre o Amor

O amor oferece liberdade. E amor que não oferece liberdade, não é amor autêntico.

O amor não é a necessidade de dominar. Como poderíamos querer dominar alguém que amamos? Como poderíamos com amor fazer alguém dependente de nós ? Mas o que no mundo acontece em nome do amor é diferente: Sede de poder, querer dominar o outro. Evidentemente que assim a independência é inaceitável. Tudo é feito para que o outro se torne idêntico a nós. Temos medo da liberdade do outro, porque a liberdade não aceita dominação, e a liberdade é imprevisível. Por isso todo o amor falso tenta de todas as formas eliminar a liberdade -- e assim que a liberdade deixa de existir, morre o amor. O amor é muito frágil, tal como uma rosa. Tem de poder dançar na chuva, no vento, ao Sol.

O amor é como um pássaro que voa, a sua liberdade inclui todo o céu. Pode-se prender um pássaro, fechá-lo numa magnífica gaiola doirada, e parece ser o mesmo pássaro que voava livre e que que tinha todo o céu para si. Apenas parece ser o mesmo pássaro, mas não é: Foi morto. As suas asas foram cortadas. roubáste-lhe o céu. E os pássaros não têm qualquer interesse pelo teu ouro - Por muito que valha a gaiola, é uma prisão. E isso é o que acontece com o nosso amor: criamos gaiolas doiradas. Temos medo, porque o céu é imensurável. Há o medo que o pássaro não volte. Para o poder controlar tem de ser posto em prisão. Assim o amor se transforma num casamento. O amor é como um pássaro que voa, o casamento é um pássaro numa gaiola doirada. E naturalmente o pássaro jamais te vai perdoar. Destruiste toda a sua beleza, a sua alegria, a sua liberdade. Quebráste-lhe o espirito - Passou a ser apenas uma imitação morta. Mas duma coisa podes ficar seguro: que não vai poder escapar-te, que será sempre teu, que amanhã e depois de amanhã vai continuar a ser teu.

Os que amam têm sempre receio. Há este receio porque o amor vem como uma brisa fresca. Não pode ser fabricado, não é algo que pode ser produzido - Aparece. Mas como tudo o que aparece, é algo que pode desaparecer. é um fenómeno natural. Quando o amor vem há flores que florescem em ti, uma canção nasce no coração, nasce o desejo de dançar, mas com um receio obscuro. Que virá a acontecer se esta brisa que te encontrou - fresca e fragrante - amanhã te abandonar? ... Porque tu não ocupas tudo o que existe. E a brisa está apenas de passagem - fica quanto tempo quiser e pode partir a qualquer momento.

Isto causa medo às pessoas e então tornam-se possessivas. Fecham as portas e janelas para a manter dentro, mas com as portas e janelas fechadas esta brisa não é a mesma. A frescura perde-se, a fragância foge - depressa se transforma em algo execrável, Necessitava da liberdade, e tu tiráste-lhe a liberdade - Só resta algo que morreu.

Tem Alguém Aí Dentro?

Tem Alguém Aí Dentro?


Sinto como se eu existisse somente nos olhos do outro. Me sinto tão irreal. Onde estou? Que posso fazer, ou não fazer?


A primeira coisa: não é só você que existe nos olhos dos outros, todo mundo está existindo dessa maneira. Essa é a maneira comum da existência. Você utiliza os outros como espelho. A opinião dos outros se torna muito importante, de imenso valor porque elas definem você. Alguém diz que você é muito bonito; nesse momento você se torna bonito. Alguém diz que você é um tolo; nesse momento você começa a suspeitar; talvez você seja um tolo? Você pode ficar zangado, você pode negar, mas lá no fundo você suspeita da sua inteligência....

Se você quer saber quem você é, você terá que fechar seus olhos; você terá de ir para dentro. Você terá que esquecer o mundo inteiro, você terá que esquecer do que eles dizem sobre você. Você terá que penetrar profundamente dentro de você e encontrar sua própria realidade.

Isso é o que estou ensinando aqui – não depender dos outros, não olhar nos olhos deles. Não há nenhuma dica nos olhos deles. Eles são tão inconscientes quanto você – como é que eles podem lhe definir?

Você está procurando nos olhos dos outros para descobrir quem você é. Sim, alguns reflexos estão lá, seu rosto é refletido. Mas sua face não é você; você está bem atrás da face. Sua face tem mudado tanto que você não pode vê-la.

...Você não é a face. Em algum lugar, profundamente escondida está sua consciência; ela nunca é refletida nos olhos de ninguém. Sim, algumas coisas são refletidas: suas ações. Você faz alguma coisa; isso é refletido nos olhos dos outros. Mas seu fazer não é você. Você é muito maior que suas ações…

Seu ser nunca é refletido nos olhos dos outros. Você só pode conhecer seu ser de uma maneira... e essa maneira é fechar seus olhos para todos os espelhos. Você precisa penetrar na sua própria existência interior, fitá-la diretamente. Ninguém pode lhe dar qualquer idéia sobre isso, o que isso é. Você pode conhecê-la, mas não pelos outros, Isso nunca pode ser um conhecimento emprestado, só pode ser uma experiência direta, um experimento direto, imediato.


Osho, Extraído de: The Discipline of Transcendence

Perdão

Perdão

Você poderia dizer algo sobre o perdão?


É uma das coisas mais fundamentais para entender. As pessoas geralmente pensam que o perdão é para aqueles que são dignos disso, que o merecem. Mas se alguém o merece, é digno de perdão, isso não é muito um perdão. Você não está fazendo nada de sua parte, ele o merece. Você não está sendo amoroso e compassivo. Seu perdão só será autêntico quando até mesmo aqueles que não merecem, o recebem.

Não se trata de se a pessoa merece ou não. A questão é se seu coração está preparado ou não.

Recordo-me de uma mística das mais significantes, Rabiya al-Adabiya, uma mulher Sufi que era conhecida pelo seu comportamento muito excêntrico. Porém, em todo seu comportamento excêntrico havia um grande insight. Uma vez, outro místico Sufi Hasan esteve com Rabiya. Devido a que ele ia ficar com Rabiya, ele não trouxe seu sagrado Corão, que ele costumava ler toda manhã como parte da disciplina dele. Ele pensou que podia emprestar o sagrado Corão de Rabiya, assim ele não havia trazido sua própria cópia com ele.

Pela manhã ele pediu a Rabiya e ela lhe deu a cópia dela. Ele não podia acreditar no que via. Quando ele abriu o Corão ele viu algo que nenhum Maometano podia acreditar: em muitas partes Rabiya o tinha corrigido. Isso é o maior pecado para os Maometanos, o Corão é a palavra de Deus segundo eles. Como você pode alterá-lo?Como é que você pode até mesmo pensar que pode melhorá-lo? Ela não apenas o mudou, ela simplesmente eliminou algumas palavras, algumas linhas – as removeu.

Hasan disse a ela, “Rabiya, alguém destruiu seu Corão!” Rabiya disse, “Não seja estúpido, ninguém toca em meu Corão. O que você está olhando fui eu que fiz”. Hasan disse, “Mas como é que você pode fazer uma coisa dessas?” Ela disse, “Eu tinha que fazê-lo, não havia outro jeito. Por exemplo, veja aqui: o Corão diz, “Quando você encontrar o diabo, odeie-o”. Desde que me tornei desperta não posso encontrar nenhum ódio dentro de mim. Mesmo se o diabo ficar diante de mim só posso banhá-lo com meu amor, porque não tenho mais nada para dar. Não importa se é Deus ou o diabo que está diante de mim; ambos irão receber o mesmo amor. Tudo que tenho é amor; ódio desapareceu. No momento em que o ódio desapareceu de mim eu tinha que efetuar mudanças no meu livro do sagrado Corão. Se você não o mudou isso simplesmente significa que você ainda não chegou no espaço onde só o amor permanece.

Eu vou lhe dizer, as pessoas que não merecem, as pessoas que não são dignas, não faz nenhuma diferença para o homem que chegou no espaço do perdão. Ele irá perdoar, sem considerar quem o merece. Ele não pode ser tão mesquinho que só os dignos devem recebê-lo. E onde ele irá encontrar a implacabilidade? Essa é uma perspectiva totalmente diferente. Não está relacionado com o outro. Quem é você para julgar se o outro é digno ou indigno? O próprio julgamento é feio e medíocre.

Sei que Rudolph Hess certamente é um dos maiores criminosos. E o crime dele se torna um milhão de vezes maior, porque no julgamento de Nuremburg com os outros companheiros de Adolf Hitler – que matou quase oito milhões de pessoas na segunda guerra mundial – ele disse diante da corte, “Não me arrependo de nada!” Não apenas isso, ele também disse, “E se eu pudesse começar do princípio, eu faria o mesmo novamente”. É muito natural achar que esse homem não merece perdão; esse será o entendimento comum. Todos irão concordar com você.

Mas não posso concordar com você. Não importa o que Rudolph Hess tenha feito, o que ele está dizendo. O que importa é que você é capaz de perdoar até mesmo ele. Isso irá elevar sua consciência as alturas. Se você não puder perdoar Rudolph Hess você irá permanecer apenas um ser humano comum, com todo tipo de julgamento de merecimento, de não merecimento. Mas basicamente você não pode perdoá-lo porque seu perdão não é suficientemente grande.

Posso perdoar o mundo inteiro pelo simples motivo de que meu perdão é absoluto; não depende de julgamento. Vou lhe contar uma pequena história Tibetana que irá tornar o ponto absolutamente claro para você.

Um antigo grande mestre, adorado por milhões de pessoas, recusou-se a iniciar qualquer um como discípulo. Toda sua vida, consistentemente, reis lhe pediram, pessoas ricas lhe pediram, grandes ascetas lhe pediram, santos, para serem iniciados como seus discípulos, e ele continuou recusando. Ele sempre dizia, “A menos que encontre um homem que o mereça, a menos que encontre um homem digno disso... Não vou iniciar nenhum Tom, Dick, Harry”.

Ele tinha um jovem que costumava cozinhar para ele, lavar suas roupas, comprar vegetais no mercado. O próprio garoto lentamente envelheceu, e por toda sua vida ele escutou o velho homem, que tinha vivido quase cem anos, e sempre com a negação, sem exceção: ninguém é digno! “Eu vou morrer”, ele disse, “sem iniciar ninguém, mas não irei iniciar ninguém que seja indigno”.

As pessoas ficaram cansadas, frustradas. Elas amavam o homem, ele tinha qualidades imensas, mas não podiam entender sua atitude muito teimosa – sem nenhuma ternura, nenhuma compaixão.

Mas uma manhã, o velho acordou seu companheiro, que já tinha envelhecido, e lhe disse, “Corra imediatamente morro abaixo até o mercado e diga a todos que quem quiser ser iniciado deve vir logo, porque nesse entardecer, quando o sol se pôr eu vou morrer”.

Seu companheiro disse, “Mas e quanto ao merecimento? Não sei quem é digno e quem é indigno. A quem devo trazer?”

O velho homem disse, “Não se preocupe com isso. Era apenas uma tática, porque eu mesmo não era digno de iniciar ninguém, mas era contra minha dignidade dizer isso. Então escolhi outro modo. Estava dizendo, ‘A menos que encontre alguém bastante digno, bastante merecedor, eu não irei iniciar’. A verdade é, eu não era digno de ser um mestre. Agora sou, mas o tempo é muito curto. Somente nessa manhã quando o sol estava surgindo, minha própria consciência também chegou ao pico supremo. Agora estou pronto. Agora não importa quem é digno e quem é indigno. O importante agora é que eu sou digno. Vá e traga qualquer um! Vá e avise a toda a vila que esse é o último dia da minha vida e qualquer um que queira ser iniciado deve vir imediatamente. Traga tantos quanto possível”.

O companheiro do velho homem ficou perplexo, mas não havia tempo para argüir. Ele desceu o morro correndo, chegou ao mercado e gritou por toda a vila, “Qualquer um que queira ser um discípulo, o velho homem agora está pronto!”

As pessoas não podiam acreditar nisso. Mas por curiosidade alguns pensaram, “Não há nenhum problema pelo menos para ver o que está acontecendo”. O homem havia recusado por toda sua vida e no último dia da sua vida, uma mudança tão grande de repente. A esposa de alguém tinha falecido e ele estava se sentindo muito só, então ele pensou, “Isso é bom. Se ele vai iniciar todo mundo, sem nenhuma questão de merecimento...”. Alguém havia sido libertado da prisão na noite anterior; ele pensou, “Ninguém vai me dar emprego; isso é uma boa oportunidade de virar um santo”.

Todo tipo de pessoas estranhas foram para a caverna do velho homem, e seu companheiro ficou tão embaraçado pelo tipo de pessoas que ele tinha trazido: Um é criminoso, a esposa de outro havia falecido, é por isso que ele pensa, “Assim é melhor...agora, fazer o que mais? Alguém tinha ido a falência e estava pensando em cometer suicídio; agora pensa que isso é melhor que o suicídio.

Alguns tinham vindo por curiosidade. Eles não tinham nenhum outro trabalho; eles estavam tocando jazz e pensaram, “Podemos tocar jazz amanhã, mas hoje não há nenhum problema, vamos ver o que é essa iniciação. De qualquer maneira, esse homem vai morrer ao entardecer assim estaremos livres para permanecermos discípulos ou não. Podemos tocar jazz amanhã – não há nenhum problema”.

O companheiro do velho homem estava se sentindo muito embaraçado, “Como irei apresentar essa gente estranha quando esse velho homem recusou reis, santos, sábios, que tinham vindo com profunda seriedade para ser iniciados? E agora ele vai iniciar esse bando!” Ele estava até mesmo envergonhado, mas ele entrou e perguntou, “Devo chamar as pessoas? –onze deles estão aí”.

O velho homem disse, “Chame-os rápido, porque já entardeceu. Você demorou muito tempo e só pode trazer onze pessoas?”

Seu companheiro disse, “O que posso fazer? É um dia de trabalho; não é um feriado. Só consegui esses. Todos são absolutamente inúteis; mesmo eu não poderia iniciá-los. Não apenas que eles não sejam dignos – eles são absolutamente indignos. Porém você insistiu em trazer alguém; ninguém mais estava disponível”.

O velho homem disse, “Não há nenhum problema. Traga-os para dentro”. E ele os iniciou a todos. Mesmo eles estavam chocados. E disseram para o velho homem, “Esse é um comportamento estranho. Toda sua vida você insistiu que a gente precisa merecer ser um discípulo. O que aconteceu com o seu principio?”

O velho homem sorriu. Ele disse, “Isso não era um principio, era apenas para esconder minha própria indignidade. Eu ainda não estava preparado para ser um mestre. E não posso trapacear ninguém, não posso enganar ninguém; daí eu ter me ocultado atrás de uma atitude julgadora, que a menos que vocês mereçam, não conseguirão a iniciação”.

Obviamente ninguém é digno.

Todo mundo tem seus próprios defeitos, fraquezas; todos fizeram coisas que nunca quiseram fazer. Todo mundo se desviou. Ninguém pode dizer que é absolutamente puro; todos estão poluídos. Assim quando o velho homem insistiu, “A menos que você seja digno não volte para mim”, ninguém discutiu com ele; ele estava certo. Primeiro eles tinham que ser merecedores!

No último dia, ele disse para aqueles onze discípulos, “Eu os abençoou e inicio vocês. Não importa se vocês são merecedores ou não, mas pela primeira vez sou digno. E se sou realmente digno, basta minha presença para purificar vocês. Meu mérito de ser um mestre irá tornar vocês discípulos dignos. Agora não preciso depender do merecimento de vocês. Meu mérito é suficiente.

“Sou como uma nuvem carregada de chuva; irei banhar todo o lugar – sobre as montanhas, nas ruas, nas casas, nas fazendas, nos jardins. Irei banhar todo lugar, porque estou sobrecarregado demais com minha água de chuva. Não importa se o jardim merece... Não faço qualquer distinção entre o jardim e as pedras. Irei simplesmente chover a partir da minha abundância”.

Se sua Meditação lhe traz para um estado de nuvem de chuva, você irá perdoar sem nenhum julgamento a partir da sua abundância, do seu amor, da sua compaixão.

De fato, gostaria de declarar que o homem que é indigno merece mais do que aquele que é digno. O homem que não merece, merece mais, porque ele é tão pobre; não seja duro com ele. A vida tem sido difícil para com ele. Ele se perdeu; ele tem sofrido por causa de seus atos errados. Agora não seja duro com ele. Ele precisa de mais amor do que aqueles que são merecedores; ele precisa de mais perdão do que aqueles que são dignos. Essa deve ser a única abordagem de um coração religioso.

Essa questão foi trazida perante Gautama Buda, porque ele ia iniciar um assassino no sannyas – e o assassino não era um assassino comum. Rudolph Hess não é nada comparado a ele. Seu nome era Angulimal. Angulimal significa um homem que usa um colar de dedos humanos.

Ele fez a promessa de que mataria mil pessoas; de cada pessoa ele retiraria um dedo para que ele pudesse lembrar quantos ele havia matado e ele fará um colar de todos esses dedos. No seu colar de dedos ele já tinha novecentos e noventa e nove dedos – só um estava faltando. E esse um estava faltando devido a que sua estrada estava fechada; ninguém passava por esse caminho. Gautama Buda, porém, entrou naquela estrada fechada. O rei tinha colocado guardas na estrada para impedir as pessoas, particularmente estrangeiros que não sabiam que um homem perigoso vivia por trás dos montes. Os guardas contaram a Gautama Buda, “Essa não é uma estrada para ser usada. Você terá que tomar um caminho mais longo, mas é melhor ir um pouco mais longe do que penetrar na boca da própria morte. Esse é o lugar onde Angulimal vive. Até mesmo o rei não tinha coragem de andar por essa estrada. Esse homem é simplesmente louco.

“A mãe dele costumava chegar até ele. Ela era a única pessoa que podia ir, de vez em quando, vê-lo, mas até mesmo ela deixou de ir. A última vez que ela foi lá ele disse a ela, ‘Agora só está faltando um dedo e apenas porque você é minha mãe... quero lhe avisar que se você vier outra vez você não voltará mais. Preciso desesperadamente de um dedo. Até agora não lhe matei porque outras pessoas estavam disponíveis, mas agora ninguém mais passa por essa estrada exceto você. Então quero que você saiba que da próxima vez, se você vir, será sua responsabilidade, não minha’. Desde àquela hora a mãe dele não veio mais”.

Os guardas disseram a Buda, “Não corra desnecessariamente o risco”. E vocês sabem o que Buda disse a eles? “Se eu não for então quem irá? Só duas coisas são possíveis: Ou eu conseguirei mudá-lo, e não posso perder esse desafio; ou irei provê-lo com mais um dedo para que o desejo dele seja realizado. De qualquer maneira irei morrer algum dia. Dar minha cabeça para Angulimal será pelo menos de alguma utilidade; do contrário um dia irei morrer e vocês me colocarão na pira funerária. Acho que assim é melhor para realizar o desejo de alguém e lhe dar paz mental. Ou ele irá me matar ou irei matá-lo, mas esse encontro irá acontecer; vocês apenas mostrem o caminho”.

As pessoas que seguiam Gautama Buda, seus companheiros íntimos que estavam sempre competindo para estar mais próximo dele, começaram a se afastar. Logo havia milhas de distância entre Gautama Buda e seus discípulos. Todos eles queriam ver o que acontecia, mas não queriam estar muito perto.

Angulimal estava sentado sobre sua rocha observando. Ele não podia acreditar em seus olhos. Um homem muito bonito de um carisma tão imenso estava vindo em sua direção. Quem seria este homem? Ele nunca tinha ouvido falar de Gautama Buda, Mas mesmo esse coração duro de Angulimal começou a sentir uma certa ternura para com esse homem. Ele parecia tão belo, vindo na direção dele. Era manhã cedo... Uma brisa fresca, e o sol estava surgindo... E os pássaros estavam cantando e as flores se abriam; e Buda estava chegando cada vez mais perto.

Finalmente Angulimal, com sua espada desembainhada em suas mãos, gritou, “Pare!” Gautama Buda estava a alguns metros de distância, e Angulimal disse, “Não dê outro passo porque então a responsabilidade não será minha. Talvez você não saiba quem sou!”.

Buda disse, “Você sabe quem você é?”.

Angulimal disse, “Isso não tem importância. Esse não é o lugar nem a hora para discutir tais coisas. Sua vida está em perigo!”.

Buda disse, “Penso de outra maneira – sua vida é que está em perigo”.

Esse homem disse, “Eu costumava pensar que era louco – você é simplesmente louco. E você continua chegando mais perto. Assim não diga que matei um homem inocente. Você parece tão inocente e tão bonito que quero que você volte. Encontrarei outra pessoa. Posso esperar; não há nenhuma pressa. Se já consegui novecentos e noventa e nove... é somente mais um, mas não me force a matá-lo”.

Buda disse, “Você está absolutamente cego. Você não pode ver uma simples coisa: Eu não estou me movendo na sua direção, você está se movendo na minha direção”.

Angulimal disse, “Isso é pura maluquice! Qualquer um pode ver que você está vindo e eu estou parado sobre minha rocha. Não me movi nem uma polegada”.

Buda disse, “Bobagem! A verdade é, desde o dia que me tornei iluminado não me movi mais nem uma simples polegada. Estou centrado, totalmente centrado, nenhum movimento. E sua mente está continuamente se movendo em círculos... e você tem a coragem de me mandar parar. Pare você! Eu já parei muito tempo atrás”.

Angulimal disse, “Parece que você é impossível, você é incurável. Você está fadado a ser morto. Irei sentir muito, mas que posso fazer? Nunca tinha visto um homem tão doido”.

Buda chegou muito perto, e as mãos de Angulimal estavam tremendo. O homem era tão belo, tão inocente, tão infantil. Ele já estava apaixonado. Ele matou tanta gente... Ele nunca tinha sentido essa fraqueza; ele nunca tinha conhecido o que é amor. Pela primeira vez ele estava cheio de amor. Assim havia uma contradição: a mão estava segurando uma espada para matar a pessoa, e seu coração estava dizendo, “Ponha a espada de volta na bainha”.

Buda disse, “Estou pronto, mas porque suas mãos estão tremendo? – você é um grande guerreiro, até mesmo os reis temem você, e sou apenas um pobre mendigo. Exceto a tigela de esmolas, não tenho mais nada. Você pode me matar, e me sentirei imensamente satisfeito de que pelo menos minha morte realiza o desejo de alguém; minha vida tem sido útil, minha morte também tem sido útil. Mas antes que você corte minha cabeça tenho um pequeno desejo, e acho que você me concederá um pequeno desejo antes de me matar”.

Diante da morte até mesmo o maior inimigo tem boa vontade de realizar qualquer desejo.

Angulimal disse, “O que você deseja?”

Buda disse, “Quero que você apenas corte da árvore um galho que esteja cheio de flores. Nunca mais verei essas flores novamente; quero ver essas flores bem de perto, sentir a fragrância delas e sua beleza nessa manhã ensolarada, a glória delas”.

Então Angulimal cortou com sua espada todo um galho cheio de flores. E antes que ele pudesse dá-lo a Buda, Buda disse, “Isso era somente metade do desejo; a outra metade é, por favor, ponha o galho de volta na árvore”.

Angulimal disse, “Eu achava desde o começo que você era maluco. Agora este é o desejo mais louco. Como é que posso colocar esse galho de volta?”

Buda disse, “Se você não pode criar, você não tem o direito de destruir. Se você não pode dar vida você não tem o direito de dar morte para nenhuma coisa viva”.

Um momento de silêncio e um momento de transformação... A espada caiu de suas mãos. Angulimal jogou-se aos pés de Gautama Buda e disse, “Não sei quem você é, mas quem quer que seja, leve-me para o mesmo espaço onde você se encontra, me inicie”.

Nesse momento os seguidores de Gautama Buda chegaram cada vez mais perto. Vendo que agora Buda estava de pé na frente de Angulimal, não havia nenhum problema, nenhum receio, embora ele precisasse só de um dedo. Eles ficaram ao redor e quando ele caiu aos pés de Buda eles imediatamente se aproximaram. Alguém levantou a questão, “Não inicie esse homem, ele é um assassino. E ele não é um assassino qualquer; ele assassinou novecentos e noventa e nove pessoas, todos inocentes, todos estrangeiros. Eles não fizeram nada de errado a ele. Ele nunca os tinha visto antes!”

Buda disse novamente, “Se eu não iniciá-lo, quem irá fazê-lo? E amo esse homem, amo sua coragem. E posso ver tremendas possibilidades nele: um simples homem lutando contra o mundo inteiro. Quero esse tipo de pessoa, que pode enfrentar o mundo inteiro com uma espada; agora ele irá enfrentar o mundo com uma consciência que é muito mais afiada do que qualquer espada. Eu lhes disse que um assassinato estava para acontecer, mas não tinha certeza de quem iria ser assassinado – Ou eu iria ser assassinado, ou Angulimal. Agora vocês podem ver que Angulimal foi morto. E quem sou eu para julgar?”

Ele iniciou Angulimal.

A questão não é se alguém merece ou não. A questão é se você possui a consciência, a abundância de amor – assim o perdão irá surgir dele espontaneamente. Isso não é um cálculo, isso não é aritmética.

Vida é amor, e viver uma vida de amor é a única vida religiosa, a única vida de oração, paz, a única vida de gratidão, grandeza, esplendor.



Osho,
Extraído de: The Great Pilgrimage: From Here to Here, chapter 24

Liberdade De e Liberdade Para

Liberdade De e Liberdade Para

Se eu fosse resumir sua abordagem da ecologia emocional, estaria correto dizer que é liberdade de repressão?

Você estaria absolutamente correto. Mas apenas negativamente. Ficar livre das repressões é a parte negativa, e expressar o oculto, o potencial, aquilo que você deve ser, é a parte positiva. Mas você está certo, porque o negativo vem primeiro. A menos que você esteja livre da repressão, você não será capaz de se expressar; você não será capaz de realizar o seu potencial.

A sociedade existe as custas do indivíduo. Ela tem existido dessa maneira até agora. Não é permitida liberdade total ao individuo para ele se expressar. Através dessa repressão, a sociedade cria uma imagem pela qual você pode ser explorado.

Por exemplo, se os indivíduos se tornarem totalmente expressivos, não haverá nenhuma guerra no mundo. É impossível. Mas se você reprimir o individuo, então a energia reprimida fica lá e pode usada para a violência. Toda a política e toda a história do homem depende da guerra. Toda a sociedade tem estado baseada na guerra, mas a guerra só é possível se não for permitido ao individuo liberdade de expressão.

Essa energia reprimida tem sido usada por muitas razões, por muitas causas, para muitos propósitos: para a guerra, para a política, para a exploração. Sou contra toda a repressão. Sou pelo crescimento natural.

Não sou contra disciplina; sou contra a repressão. Disciplina é algo criativo. Não é nunca contra alguma coisa; é sempre por alguma coisa. Por exemplo, sou pela disciplina da energia sexual, não pela repressão dela. A energia tem que ser permitida mover-se numa direção criativa. Ela não deve ser reprimida. Se ela for reprimida, se torna pervertida. Você se torna menos que natural.

Expressão significa que você tem que se tornar mais do que natural. Se você não puder ser mais do que natural, então é melhor ser natural do que ser perverso. Toda a cultura que tem existido por todo o mundo é uma cultura pervertida.

Eis porque raramente acontece o nascimento de um Buda ou de um Jesus. Do contrario, Buda e Jesus seriam algo normal. Eles não seriam tão excepcionais. Se toda a sociedade fosse criativa ao invés de repressiva, então não ser um Buda seria a exceção. Ser um Buda seria uma coisa normal, natural.


Osho,
Extraído de: The Eternal Quest
Traduzido por: AnDre

Ser Refinado Não é Suficiente

Ser Refinado Não é Suficiente



Não posso me comunicar com minha irmã. Sinto que ela tem ciúmes de mim, o que não posso entender.

Pode haver muitas coisas ocultas envolvidas nisso. Alguns ciúmes da infância estão fadados a estar lá. Você os reprimiu, ela os reprimiu, porque somos ensinados a ser refinados uns com os outros, e isso é uma das coisas mais perigosas. Somos ensinados que precisamos ser refinados para com nossa irmã, para com nosso irmão. As emoções são reprimidas e a pessoa se torna desonesta com as emoções.

Agora que você está meditando, essas emoções irão borbulhar e elas borbulharão nela também. Assim você terá que passar através de um período da sua infância que você perdeu. Mas não há nada com o que se preocupar. Isso é natural, porque tudo que é reprimido e inibido começará a ser expresso. Então você irá perder a comunicação.

De fato, isso nunca existiu. Apenas ser polido não é comunicação. Apenas ser refinado não é suficiente para a comunicação porque se você estiver reprimindo alguma coisa, a comunicação fica superficial, apenas verbal. Você está simplesmente fazendo gestos vazios, movimentos sem sentido. Você pode dizer ‘alô’ para uma pessoa sem dizer ‘alô’. Você pode sorrir para uma pessoa sem sorrir de maneira alguma. Você pode falar e ser agradável, é o que se espera de nós, sem sermos agradáveis de maneira nenhuma. Todo esse gesto pode ser uma profunda abstenção. Sua polidez, sua finura, sua bondade, pode ser só uma armadura porque você teme que se você tornar-se verdadeiro, as emoções que têm sido reprimidas irão borbulhar. E a outra pessoa também está tentando ser refinada. Ela está tão temerosa quanto você.

Assim pode parecer que há comunicação, mas não há. Se houvesse, então a meditação a tornaria mais profunda. Se houvesse alguma comunicação, meditação a tornaria uma comunhão, algo mais profundo do que comunicação. Mas se isso não estivesse lá, a meditação lhe tornaria cônscio disso.

Aquilo que não é, pode ser removido. Aquilo que não é sempre é removido pela meditação porque é falso, e meditação é um esforço para ser verdadeiro, autêntico. Aquilo que é, sempre é valorizado pela meditação. Aquilo que não é, sempre é removido. Isso é o que Jesus quer dizer na frase ‘Para aqueles que têm mais será dado, e aqueles que não têm, até o que têm lhes será tomado’.

Então, é melhor porque agora você está ficando mais cônscio da realidade que você tem evitado por toda sua vida. Irmãos, irmãs, só aparentam ser refinados um ao outro. Senão eles seriam inimigos porque eles são os principais competidores.

Numa pequena casa, quando nasce o primeiro filho, ele é tudo e único. Então chega outro filho. Ele começa a competir; competição é natural. Essa criança quer mais atenção e a primeira criança se sente ofendida pela presença dessa outra criança. Ele sente como se seu monopólio tivesse sido quebrado. E é natural que a mãe possa dar mais atenção para a nova criança; ela necessita mais. Assim surgem os ciúmes.

Quando há muitas crianças numa casa, está fadado a acontecer que uma criança terá mais atenção do que as outras. Haverá uma hierarquia; É assim que a mente funciona. A mãe pode amar mais uma criança, a outra um pouco menos. Existem favoritos, porque a mãe também é humana. Você não pode esperar que ela amasse absolutamente igual; isso não é possível. Ela pode fingir. Ela finge bem, mas as crianças são muito perceptivas. Elas podem ver imediatamente que alguém é mais amado, alguém é menos amado e que essa pretensão é bem falsa.

Há um conflito interior, luta, surge a ambição. Cada criança é diferente. Alguém é muito talentoso, alguém não é. Alguém possui um talento musical, alguém não possui. Alguém tem um talento matemático e alguém não tem. Alguém é fisicamente mais bonito do que outro ou um tem um certo charme da personalidade que está faltando no outro. Desse modo, surgem cada vez mais problemas, e somos ensinados a ser refinados, nunca a ser verdadeiro.

Eles ficarão zangados, eles irão brigar e dizer coisas duras para o outro e então eles param com isso, porque as crianças se livram das coisas facilmente. Se eles estão zangados, eles estarão zangados, quentes, quase um vulcão, mas no próximo momento eles estarão segurando a mão um do outro e tudo é esquecido. Eles são muito simples, porém, essa simplicidade não é permitida. É dito para eles serem refinados, a qualquer custo. Eles são proibidos de ficarem zangados um com o outro. Ela é sua irmã, ele é seu irmão. Como é que você pode ficar raivoso?

Essas raivas, ciúmes e mil e uma mágoas, cicatrizes, vão se acumulando. Um dia em sua vida, se você encontrar algo como a meditação, então elas irão borbulhar. Isso é o que está acontecendo. Assim, dessa vez, por favor não as reprima novamente. Dessa vez enfrente a situação. Se você estiver raivoso, se ela estiver raivosa, então fiquem raivosos. Lutem. Acabem com ela! Diga coisas que você sempre quis dizer e nunca disse, e ela deve dizer coisas que sempre quis dizer e não disse porque ambos estavam brincando o jogo de ser refinados. Abandone essa bobagem e imediatamente você verá: Se você puder encarar um ao outro com raiva verdadeira, ciúmes, se você puder lutar com isso – imediatamente após, no despertar disso, um profundo amor e compaixão irá surgir. E isso será a coisa real. Assim a comunicação será possível.

Portanto, essa é a grande oportunidade. Parece difícil, mas se você puder enfrentá-la, alguma coisa de tremendo valor acontecerá a você. Uma vez que fica a vontade com a sua irmã, algo como um bloqueio irá cair de seu peito. Isso lhe ajudará a ser mais comunicativo com os outros também porque toda sua comunicação está bloqueada. Isso irá lhe ajudar de todas as maneiras: com seus amigos, com sua amante, com os pais, com toda a sociedade. Você começará a se sentir diferente. Você está carregando algo, ela está carregando algo. Agora seja corajoso e enfrente isso. Converse sobre isso com ela.

E não seja desonesto. Traga tudo pra fora. Derrame todo seu inconsciente e diga a ela, exija que ela também derrame o dela. E isso só pode ser feito quando você estiver aquecido. Isso nunca pode ser feito quando você está frio. Quando você estiver aquecido e fervendo, as coisas acontecem. Quando você está frio, elas congelam, não podem fluir. Quando você está quente, você se torna líquido. Quando você está frio, você fica sólido.

Portanto, o que estou lhe dizendo, diga a ela e tenha um encontro agradável com ela. Você e ela ambos serão aliviados e ambos serão beneficiados. Dessa vez, deixe que a verdade seja a meta... não a etiqueta, não a formalidade. Apenas abra seu coração e deixe que ela também abra o dela. E após isso, como se uma tempestade tivesse passado, surge um grande silêncio e esse silêncio lhe tornará comunicativo. Mesmo a comunhão é possível.

Isso acontecerá… tenha um pouco de coragem.


Osho,
Extraído de: A Rose is a Rose is a Rose
Traduzido por: AnDre

A Suprema Ciência do Corpo?

A Suprema Ciência do Corpo?


Um cientista me escreveu. Ele trabalha num laboratório científico onde órgãos humanos artificiais são feitos – mãos, pernas, fígado, coração – todas as partes humanas. A confusão dele é “Se estou indo contra a natureza, porque o coração produzido na fábrica não é tão bom quanto o coração natural. Estou fazendo algo errado nessa profissão, criando mãos artificiais?”

A confusão dele é absolutamente infundada.

Lembre-se, a natureza lhe deu inteligência e a função da inteligência é aperfeiçoar sua natureza. Isso é só o começo.

Se seus membros artificiais não são tão bons quanto os naturais, não se preocupe: dentro de alguns anos seus membros artificiais serão melhores do que os naturais porque os membros naturais são criados pela biologia cega e seus membros serão criados pela inteligência consciente. E essa inteligência consciente é parte da natureza, portanto você não está fazendo nada contra a natureza.

Sim, aqueles que estão pregando o celibato estão contra a natureza. Aqueles que estão pregando contra o controle da natalidade estão contra a natureza. Aqueles que estão produzindo bombas nucleares estão contra a natureza. Todos eles são destrutivos – seu trabalho é criativo. Se seus membros ainda não são superiores aos membros naturais, faça mais esforço, ponha mais energia nisso. É apenas uma questão de trazer mais inteligência para seu trabalho.

E isso será uma tremenda bênção para a humanidade se você puder criar partes superiores para o corpo humano porque quando alguém morrer de um ataque cardíaco – a vida nunca morre – apenas seu coração falhou; se o coração puder ser substituído, ele será revivido novamente.

Você está a serviço da vida.

Alguém tem uma fratura: agora, em lugar de juntar o osso fraturado, o qual nunca será tão forte como era antes, é melhor trocar o osso completo por um outro novo, artificial e melhor. Podemos produzir ossos que não podem sofrer tais acidentes.

Podemos fazer o homem capaz de mudar qualquer coisa que não esteja funcionando bem. Não há nenhuma necessidade de óculos se os olhos podem ser trocados. E haverá uma beleza real – na idade de setenta, tendo olhos frescos como uma criança!

Não há nenhuma necessidade de sentir-se confuso. Você deve lembrar-se apenas de um simples critério: qualquer coisa a serviço da vida está a serviço da natureza; qualquer coisa contra a vida está contra a natureza. E a inteligência é a única esperança da natureza de aperfeiçoar a si mesma....


Osho,
Extraído de: From Bondage to Freedom, #11
Traduzido por: AnDre

Somente Médicos Saudáveis Podem Curar

Somente Médicos Saudáveis Podem Curar

Médico, cura a ti mesmo: assim você curará também seu paciente. Deixe que a melhor cura-ajuda dele seja para que ele veja com seus próprios olhos aquele que torna a si mesmo saudável. (Zarathustra)

Esse é um grande conselho para aqueles que querem que a consciência humana alcance seu mais alto pico possível. A primeira coisa é: “Médico, cura a ti mesmo”. Você deve ficar completamente livre de todas as superstições, de todos os passados mortos sem sentido, você deve ser renovado a cada instante. Isso será sua saúde. E isso ajudará as pessoas: vendo vocês, vendo sua conscientização, vendo seu amor, vendo sua compaixão, vendo sua alegria será a prova de que os outros estão errados e eles precisam mudar. Não é uma questão de discutir; é uma questão de apresentar sua vida na nova luz, para que aqueles que estão na escuridão possam ver que estão na escuridão e que essa é a causa da miséria e da doença deles. Existem milhares de caminhos que ainda nunca foram trilhados, mil formas de saúde e ilhas de vida escondidas. Aqui é onde qualquer um que tenha inteligência irá se apaixonar por Zaratustra. Ele é tão diferente dos outros professores de religião.

Mahavira diz, “Tenho dito a última palavra; agora não há mais nada a ser descoberto. Tudo que podia ser descoberto sobre a consciência humana, eu descobri. Não haverá um décimo quinto Tirthankara”. Gautama Buda diz a mesma coisa. Maomé diz, “Existiram profetas antes de mim, mas não haverá nenhum profeta depois de mim, porque eu trouxe todo o conhecimento; agora nada mais está oculto”.

Zaratustra tem uma abordagem bem diferente, bem humilde. Existem milhares de caminhos que ainda não foram trilhados, milhares de formas de saúde e de ilhas ocultas da vida. O homem e a terra do homem ainda não foram esgotados e explorados.

Ele não quer ser a última palavra. Pelo contrário, ele quer ser o princípio e deixa tudo aberto. “Continue mudando à medida que você chega a novos espaços. Você não tem que estar em concordância comigo, porque há milhares de caminhos que nunca foram trilhados e há milhares de ilhas na terra e no íntimo do homem que ainda não foram descobertas. Então não fiquem apegados a mim – movam-se!”

Ele está dizendo, “Eu lhe ensino movimento. Não lhe dou uma doutrina fixa; Apenas dou-lhe um ímpeto, um incentivo, um desafio”. Um verdadeiro mestre é sempre um desafio: desafio por novas descobertas, desafio por novos espaços desconhecidos, desafio pelas estrelas longínquas. Ele simplesmente lhe dá coragem. Ele lhe ajuda a ficar nas asas e deixa todo o céu aberto para você.

Observem e escutem, seus solitários! Do futuro chegam ventos com uma furtiva batida de asas; e boas novas vão para os ouvidos delicados. Vocês solitários de hoje, vocês que se separaram da sociedade... Tenham cuidado com essas palavras: Vocês solitários de hoje, vocês que abandonaram a sociedade, vocês um dia serão um povo: de vocês, que escolheram a si próprios, surgirá o povo escolhido – e desse povo escolhido, o super-homem.

É uma pena que isso ainda não tenha acontecido. Ainda… Vocês estão solitários hoje; meu nome para solitários é sannyasins. Vocês ainda são poucos. Vinte e cinco séculos se passaram, mas as palavras de Zaratustra soam como se tivessem sido faladas hoje.

Vocês solitários de hoje, vocês que se separaram da sociedade, um dia vocês serão um povo. Vinte e cinco séculos atrás ele tinha esperança – e isso ainda é uma esperança. Ainda estou esperando que vocês não permanecerão poucos. Eu até mesmo comecei a chamar-lhes “meu povo”.

De vocês, que escolheram a si próprios, surgirá um povo escolhido – e desse povo escolhido, o super-homem. Verdadeiramente, a terra ainda se tornará à casa da cura! E um novo aroma já paira sobre ela, um aroma que traz saúde – e uma nova esperança! Posso simplesmente repetir as palavras dele, porque elas são tão verdadeiras hoje como foram vinte e cinco séculos atrás. Isso é muito entristecedor; é uma pena, mas talvez ele tenha vindo cedo demais, à frente de seu tempo. Todo gênio chega cedo, mas Zaratustra parece ter vindo cedo demais.

Talvez agora seja o tempo para que possamos fazer desta terra o templo da cura – não somente do corpo, mas também da alma, um lugar sagrado onde todos sejam íntegros, não divididos, não esquizofrênicos. Isso é ainda muito pouco, mas está presente nos corações de muitas pessoas inteligentes e corajosas. Um anseio por uma vida maior, por uma vida mais elevada, por uma vida melhor já surgiu. Talvez a primavera esteja muito próxima. Talvez tenhamos chegado na hora certa.

Um aroma que traz saúde – e uma nova esperança! Queremos que essa esperança se torne uma realidade; ela permaneceu uma esperança por tempo demais. É hora do sonho ser realizado e se não pudermos realizar esse sonho, então não existe futuro para a humanidade.

Isso me dá grande esperança, porque a multidão enlouquecida chegou a beira de um suicídio global. E agora haverá somente duas alternativas: transformar você num novo homem, o super-homem, ou preparar para desaparecer dessa terra. E não acho que o homem deseje morrer. Não acho que as árvores queiram morrer ou os pássaros ou os animais. Não acho que a vida queira cometer suicídio.

Dessa forma, muito provavelmente, ela escolherá transformar a si mesma e dar nascimento ao super-homem, e abandonar toda essa arranjo que os políticos ao redor do mundo estão preparando para vocês, para cometer suicídio. Agora as forças da vida e as forças da morte estão se confrontando uma à outra. As forças da vida são frágeis, como um aroma no ar. E as forças da morte são muito fortes.

Entretanto, a morte não pode vencer a vida. O ódio não pode vencer o amor. O feio não pode vencer o bonito.


Osho,
Extraído de: Zarathustra: A God That Can Dance, Capitulo 18
Traduzido por: AnDre

Voar Necessita de Duas Asas

Voar Necessita de Duas Asas

Profissionais como eu fazem demasiado uso da nossa inteligência, tanto que tendemos ver a vida somente através do intelecto, e ainda negando todos os outros meios de fazer isso. Isso torna a vida aborrecida e sem graça, e tira todo o seu brilho.

O problema real não é o uso demasiado da inteligência, mas a não utilização da emoção. A emoção está completamente menosprezada em nossa civilização; assim o equilíbrio é perdido e uma personalidade deformada se desenvolve. Se as emoções também fossem usadas, então não haveria desequilíbrio.

Um equilíbrio da emoção e do intelecto precisa ser mantido na proporção adequada; senão toda a personalidade fica doente. Isso é como utilizar somente uma perna. Você pode continuar usando-a, mas você não chega a lugar algum; você simplesmente se cansa. A outra perna precisa ser utilizada. Emoção e intelecto são como duas asas: quando usamos somente uma asa o resultado será frustrante. Desse modo a alegria de usar ambas as asas simultaneamente, em equilíbrio e harmonia, nunca é alcançada.

Não tenha receio de usar demasiadamente o intelecto. Somente quando a inteligência é usada você atinge as profundezas; somente lá seu potencial e estimulado. Trabalho intelectual não significa que sua inteligência está sendo usada. Trabalho intelectual é meramente superficial; nenhuma profundidade é alcançada, nada é desafiado. Isso faz surgir o tédio; isso cria trabalho que é sem satisfação. A satisfação sempre vem quando sua individualidade é desafiada e você tem que provar a si mesmo e responder ao desafio. Quando desafiadas, a inteligência ou a emoção ambas criam sua própria alegria.

Uma pessoa é esquizofrênica quando somente uma parte da sua personalidade está trabalhando e a outra está morta. Assim até mesmo à parte que está trabalhando não irá funcionar bem porque estará sobrecarregada. Personalidade é uma totalidade; não possui nenhuma divisão. Realmente, toda a personalidade é uma energia harmoniosa. Quando a energia é usada de uma maneira lógica ela se torna inteligência e quando não é usada logicamente, porém emocionalmente, se torna o coração. Essas são duas coisas separadas; é a mesma energia fluindo através de dois canais diferentes.

Quando não há coração, mas só intelecto, você não pode relaxar nunca. Relaxamento significa que agora a mesma energia dentro de você está trabalhando num canal diferente. Relaxamento nunca significa nenhum trabalho, significa trabalho em outra dimensão. Então a dimensão que está sobrecarregada relaxa.

Uma pessoa que persegue continuamente uma atividade intelectual, nunca relaxa. Ela não desvia a energia dela para outra dimensão, assim sua mente prossegue desnecessariamente trabalhando somente numa direção. Isso gera tédio. Pensamentos e mais pensamentos vem e vão; a energia é difundida, desperdiçada. Você não pode desfrutá-la; pelo contrário, você será desapontado e aborrecido com esse fardo desnecessário. Mas a mente, ou o intelecto, não tem culpa. Porque uma dimensão alternativa não foi providenciada, devido a que não existe outra porta aberta para isso, a energia se mantém circulando dentro de você.

Energia nunca pode ser estagnada. Energia significa aquilo que não é estagnada, que está sempre fluindo. Relaxamento não significa energia que está estagnada ou adormecida; cientificamente, relaxamento significa que agora a energia está fluindo através de outro canal. De outra dimensão – ela entrou em outro quarto.

Mas mesmo assim o quarto pode ser diferente, se não for exatamente o oposto do quarto que você estava antes, a mente não irá relaxar. Por exemplo, se você trabalha sobre um problema cientifico, então você pode relaxar lendo uma novela. O trabalho é diferente: lídar com um problema cientifico é estar ativo – um modo bem masculino – onde ler uma novela é ser passivo, que é um modo absolutamente feminino. Embora você esteja usando a mesma mente você estará relaxado, porque é o pólo oposto da mente que está sendo utilizado. Você não está solucionando coisa alguma, você não está ativo; você é só um receptor, recebendo algo. A dimensão é a mesma a menos que a emoção, o pólo oposto, esteja sendo usada.

Do mesmo modo, quando amamos, o intelecto não participa da brincadeira de maneira alguma. Exatamente o oposto acontece: a parte irracional da sua personalidade entra em ação. Inteligência tem que ser equilibrada pelo amor e o amor tem que ser equilibrado pela inteligência. Geralmente, esse equilíbrio não é encontrado em lugar nenhum.

Se alguém está apaixonado e começa a negligenciar todas as atividades intelectuais, isso também irá gerar tédio. Até mesmo o amor se torna uma tensão se ele for ativo por vinte e quatro horas. Uma vez perdido o desafio, o prazer também estará perdido. A brincadeira estará perdida Voar Necessita de Duas Asas

Profissionais como eu fazem demasiado uso da nossa inteligência, tanto que tendemos ver a vida somente através do intelecto, e ainda negando todos os outros meios de fazer isso. Isso torna a vida aborrecida e sem graça, e tira todo o seu brilho.

O problema real não é o uso demasiado da inteligência, mas a não utilização da emoção. A emoção está completamente menosprezada em nossa civilização; assim o equilíbrio é perdido e uma personalidade deformada se desenvolve. Se as emoções também fossem usadas, então não haveria desequilíbrio.

Um equilíbrio da emoção e do intelecto precisa ser mantido na proporção adequada; senão toda a personalidade fica doente. Isso é como utilizar somente uma perna. Você pode continuar usando-a, mas você não chega a lugar algum; você simplesmente se cansa. A outra perna precisa ser utilizada. Emoção e intelecto são como duas asas: quando usamos somente uma asa o resultado será frustrante. Desse modo a alegria de usar ambas as asas simultaneamente, em equilíbrio e harmonia, nunca é alcançada.

Não tenha receio de usar demasiadamente o intelecto. Somente quando a inteligência é usada você atinge as profundezas; somente lá seu potencial e estimulado. Trabalho intelectual não significa que sua inteligência está sendo usada. Trabalho intelectual é meramente superficial; nenhuma profundidade é alcançada, nada é desafiado. Isso faz surgir o tédio; isso cria trabalho que é sem satisfação. A satisfação sempre vem quando sua individualidade é desafiada e você tem que provar a si mesmo e responder ao desafio. Quando desafiadas, a inteligência ou a emoção ambas criam sua própria alegria.

Uma pessoa é esquizofrênica quando somente uma parte da sua personalidade está trabalhando e a outra está morta. Assim até mesmo à parte que está trabalhando não irá funcionar bem porque estará sobrecarregada. Personalidade é uma totalidade; não possui nenhuma divisão. Realmente, toda a personalidade é uma energia harmoniosa. Quando a energia é usada de uma maneira lógica ela se torna inteligência e quando não é usada logicamente, porém emocionalmente, se torna o coração. Essas são duas coisas separadas; é a mesma energia fluindo através de dois canais diferentes.

Quando não há coração, mas só intelecto, você não pode relaxar nunca. Relaxamento significa que agora a mesma energia dentro de você está trabalhando num canal diferente. Relaxamento nunca significa nenhum trabalho, significa trabalho em outra dimensão. Então a dimensão que está sobrecarregada relaxa.

Uma pessoa que persegue continuamente uma atividade intelectual, nunca relaxa. Ela não desvia a energia dela para outra dimensão, assim sua mente prossegue desnecessariamente trabalhando somente numa direção. Isso gera tédio. Pensamentos e mais pensamentos vem e vão; a energia é difundida, desperdiçada. Você não pode desfrutá-la; pelo contrário, você será desapontado e aborrecido com esse fardo desnecessário. Mas a mente, ou o intelecto, não tem culpa. Porque uma dimensão alternativa não foi providenciada, devido a que não existe outra porta aberta para isso, a energia se mantém circulando dentro de você.

Energia nunca pode ser estagnada. Energia significa aquilo que não é estagnada, que está sempre fluindo. Relaxamento não significa energia que está estagnada ou adormecida; cientificamente, relaxamento significa que agora a energia está fluindo através de outro canal. De outra dimensão – ela entrou em outro quarto.

Mas mesmo assim o quarto pode ser diferente, se não for exatamente o oposto do quarto que você estava antes, a mente não irá relaxar. Por exemplo, se você trabalha sobre um problema cientifico, então você pode relaxar lendo uma novela. O trabalho é diferente: lídar com um problema cientifico é estar ativo – um modo bem masculino – onde ler uma novela é ser passivo, que é um modo absolutamente feminino. Embora você esteja usando a mesma mente você estará relaxado, porque é o pólo oposto da mente que está sendo utilizado. Você não está solucionando coisa alguma, você não está ativo; você é só um receptor, recebendo algo. A dimensão é a mesma a menos que a emoção, o pólo oposto, esteja sendo usada.

Do mesmo modo, quando amamos, o intelecto não participa da brincadeira de maneira alguma. Exatamente o oposto acontece: a parte irracional da sua personalidade entra em ação. Inteligência tem que ser equilibrada pelo amor e o amor tem que ser equilibrado pela inteligência. Geralmente, esse equilíbrio não é encontrado em lugar nenhum.

Se alguém está apaixonado e começa a negligenciar todas as atividades intelectuais, isso também irá gerar tédio. Até mesmo o amor se torna uma tensão se ele for ativo por vinte e quatro horas. Uma vez perdido o desafio, o prazer também estará perdido. A brincadeira estará perdida e se tornará apenas trabalho. A mesma coisa acontece com um intelectual que negligencia o lado emocional de seu ser.

Essas duas partes, esses dois pólos, precisam estar em equilíbrio, só então nasce um ser humano individualizado e integrado”.



Osho,
Extraído de: The Great Challenge
Traduzido por: AnDre

Você É Responsável

Você É Responsável

A mente ordinária sempre lança a responsabilidade em outro alguém. É sempre o outro que está lhe fazendo sofrer. Sua esposa está lhe causando sofrimento, seu marido está lhe fazendo sofrer, seus pais estão lhe fazendo sofrer, seus filhos estão lhe fazendo sofrer, ou o sistema financeiro da sociedade, capitalismo, comunismo, fascismo, a ideologia política prevalente, a estrutura social, ou o destino, carma, Deus... você nomeia!

As pessoas têm milhões de maneiras de se esquivar da responsabilidade. Mas no momento que você diz que outra pessoa – X,Y,Z – está lhe causando sofrimento, assim você não pode fazer nada para mudar isso. O que você pode fazer? Quando a sociedade muda e o comunismo chega e há um mundo sem classes, então todos serão felizes. Antes disso, não é possível. Como é que você pode ser feliz numa sociedade pobre? E como você pode ser feliz numa sociedade que é dominada pelos capitalistas? Como você pode ser feliz com uma sociedade que é burocrática? Como você pode ser feliz com uma sociedade que não lhe permite liberdade?

Desculpas e mais desculpas – desculpas apenas evitam um insight que ”Sou responsável por mim mesmo. Ninguém mais é responsável por mim; é absolutamente e totalmente minha responsabilidade. O que quer que eu seja, sou minha própria criação”. Esse é o significado do sutra.

Conduza toda a culpa para um.

E esse um é você.

Uma vez que esse insight se estabelece:

Sou responsável por minha vida – por todo meu sofrimento, pela minha dor, por tudo que aconteceu comigo e está acontecendo a mim – Eu escolhi esse caminho; essas são as sementes que eu semeei e agora estou colhendo a safra; sou responsável – uma vez que esse insight se torna um entendimento natural em você, então tudo mais é simples. Assim a vida começa a dar uma nova reviravolta. Começa a se mover numa nova dimensão. Essa dimensão é conversão, revolução, mutação – porque uma vez que sei que sou responsável, também sei que posso abandonar isso a qualquer momento que decida fazê-lo. Ninguém pode me impedir de abandonar isso.

Pode alguém lhe impedir abandonar sua miséria, de transformar sua miséria em felicidade? Ninguém. Mesmo que você esteja na prisão, acorrentado, preso, ninguém pode prender VOCÊ; sua alma ainda permanece livre. É claro, você fica numa situação muito limitada, mas mesmo nessa situação limitada você pode cantar uma canção. Você pode ou derramar lágrimas de desamparo ou pode cantar uma canção. Mesmo com correntes em seus pés você pode dançar; então até mesmo o som das correntes terá uma melodia nela.

Próximo sutra: Seja grato a todos.

Atisha é realmente muito científico. Primeiro ele diz: Tome toda a responsabilidade sobre si mesmo. Segundamente ele diz: Seja grato a todos. Agora que ninguém mais é responsável pela sua miséria exceto você – se a miséria é toda seu próprio fazer, então o que resta?

Seja agradecido com todos.

Porque todo mundo está criando um espaço para você ser transformado – mesmo aqueles que acham que estão lhe obstruindo, mesmo aqueles que você pensa que são seus inimigos. Seus amigos, seus inimigos, boas e más pessoas, circunstancias favoráveis, circunstancias desfavoráveis – tudo isso junto está criando o contexto no qual você pode ser transformado e tornar-se um Buddha. Seja agradecido a todos – àqueles que lhe ajudaram, àqueles que lhe obstruíram, àqueles que foram indiferentes. Seja grato a todos, porque todos juntos estão criando o contexto no qual Buddhas nascem, no qual você pode se tornar um Buddha.


Osho,
Extraído de: Book of Wisdom, Chapter 5
Traduzido por: AnDre